nego a incompletude e escondo parte de mim

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habituada a me calar a sempre deixar parte de mim de lado fui construindo pequenos mapas dentro da minha boca que me revelam com gosto de sangue todo o medo que senti e sinto do abandono

sem perceber eu criei um jogo ilusório pra ser sempre eu quem abandona a mim mesma

quando ousei deixar escapar um pouco além do hábito de me conter meus dentes enquanto eu dormia se fincaram em meus lábios e acordei com tudo ali à mostra inchaço e sangue precisava extravasar tudo aquilo que contive

e dessa vez foi o medo

clareou e vi

ser esmagada ou esmagar o medo dói é ainda fuga da integridade de quem sou

não há parte de mim que possa ser deixada à parte

mesmo quando eu fujo eu carrego tudo

e quando tento esconder carrego ainda um esforço da escolha do que mostrar e a carga pesa além do que é necessário carregar

eu incluo o medo a ousadia e a diferença e tudo o que há em mim e que pode tocar o outro justo porque é singular