em ações esperançosas, paralisia

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confundo solidão
com a verdade
de que estamos sós\ em nossa própria pele
(ignorando o emaranhado de bactérias que nos compõe)

quero que me entendam
me completem
me reconheçam
como se fosse esse o real sentido da vida
e imaginar receber tudo isso
à beira do caixão
com meu corpo imóvel
é o que impulsiona meus passos

busco ficar sozinha
porque estou farta
de invadir o outro
ou tentar
pegar seu coração com as mãos
moldar sua pulsação
no ritmo da música que invento
e, curioso
me faz temer tanto os encontros
embora seja nítido
o coração que eu toco
é sempre o meu

dói
e é inútil

esse coração
embora entrelaçado em meus dedos
não se submete à minha força

busco companhia
porque sigo sem escutar meus gritos
quem sabe ele
com outros sentidos
não é capaz de levá-los embora
pra longe daqui
torná-los de outros

e assim sigo fingindo ser alguém que olha do alto da montanha
e recebe visitas pedindo pra dizer o que vê e escuta lá de cima

quando desisto
sinto o coração
deslizar delicado por minhas mãos
adentrar minha pele tão povoada
e não mais preciso de ouvidos
para ouvir meus próprios clamores
e posso sentir a solidão como ponte
solidão como o que me leva a compartilhar a vida com tantos outros singulares

e sentindo tudo isso
me invade o movimento
vida pulsante
sem desculpas ou esperança de declarações de amor póstumas