em ações esforçadas, sede de vazio

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me dói a cabeça
e percebo o esforço para criar algo
enquanto eu luto contra tudo o que acontece
porque o cansaço se foi
então acredito que preciso urgentemente fazer alguma coisa

essa dor me diz
que não posso continuar
criando e vivendo com tanto esforço e luta
não é disso que se trata a criação da vida
e quando escrevo isso
a dor parece me abandonar

agora apenas sinto sede
que se confunde com um vazio
que busco preencher com comida
como rápido demais
pareço insaciável

me lembro da minha sede
mas ela é muito pequena
diante do vazio que parece tomar conta de mim

a comida é para me preencher
o que me causa ansiedade
porque enquanto como
enquanto me preencho
com a esperança de ficar inteira
eu não estou agradando e servindo ninguém
e eu tenho pressa pra agradar
então preciso engolir sem mastigar

parece que quanto mais eu como
ao invés de me preencher
mais vazia eu fico e a cabeça dói

presa num emaranhado de crenças
eu paro
sei que posso desembolar tudo isso agora
ou só criar uma nova linha
percebo todo esse jogo
respiro

o vazio que sinto
é da crença de que algo me falta
e é nítido que é uma crença
porque a falta que eu sinto
é de mim
de ser inteira\ indissociável de tudo

só que isso não pode nunca ser falta\ porque isso é o que é

então deixo a presença se assentar
e sinto a vida pulsar
o vazio aparece
mas não para ser preenchido
para deixar morrer o que foi\ e servir de abertura a todas as possibilidades

e a comida se faz desnecessária
me lembro da sede
é sede de vida
bebo água