se revelo meus segredos (a mim mesma) sinto tudo o que surge na companhia deles

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coleciono segredos
pensamentos proibidos
lembranças invasivas
tão absurdas
não tenho coragem de compartilhar
sentimentos renegados
sensações desconcertantes
tento amortecer

fujo de tudo o que me causa desconforto\ e que acredito
deve causar
desconforto no outro

então falo demais
na ânsia de nunca sobrar espaço\ pra lembrar desses segredos
de nunca sobrar espaço
pra de repente dizê-los em voz alta

falo de coisas da superfície
do que parece estar fora de mim
julgo o outro
porque estou com medo demais
de encarar meu silêncio
e tudo o que tento enfiar goela abaixo

e tento me ocupar com aquilo\ que os outros falam
na mesma ânsia de esconder\ tudo o que é difícil encarar

a única saída talvez seja ficar
observar os pensamentos
dar-lhes atenção
encarar as situações\ assumir que aconteceram\ e abraçá-las
até que soltando o enlace
eu me sinta mais aberta
para ouvir os pensamentos que se criam
sentir os sentimentos e emoções
sentir
sentir as sensações\ sem tentar amortecer
sem tentar remediar

quando eu fico
acabo aprendendo a escutar
a me escutar

e desse lugar\ de escuta
talvez não precise falar tanto
e assim as palavras encontram seu espaço
vivas
não mais secretas
-íntimas